Por que ser honesto afinal?
A grande finalidade de ser honesto é ser uma pessoa em paz consigo mesma. Quando decidimos tornarmo-nos honestos em nossa consciência brilha uma luz ou pensamento reconfortante de paz e de auto-confiança. Quando nos esgueiramos pelas lacunas entre o ser honesto e não ser totalmente honestos ficamos com uma sombra em nosso pensamento.
Muitas vezes já me perguntei (e tenho certeza que você também já) por que razão eu deveria ser honesto neste mundo. Hoje, eu me pergunto novamente, por que ser honesto neste país? Honestamente, fora a resposta simples que nos remete à Pessoa Divina que em nossa cultura cristã ainda permanece como verdade universal, fica difícil responder com sinceridade.
Fica difícil responder sem aquela utopia sonhadora, recheada de uma fé estúpida que acredita no ser humano, que ele pode ser algo melhor e que nós brasileiros ainda poderemos ser um país de 1º mundo mesmo sendo um país cuja cultura é favorável à bandidagem de toda sorte onde a desonestidade é maior bandeira. Políticos, autoridades, juristas, advogados, médicos, jornalistas, policiais e até educadores, todos submersos pela lama gerada da impunidade que a Constituição de 2008 jogou sobre nós. Uma nação que não acredita em punição, impregnada pela mentira espírita que todo ser humano é bom e precisa apenas de educação.
Apenas esta: a de que é bom para si mesmo ser honesto, mais tranqüilidade, cabeça erguida sem pressuposto de arrogância, capacidade em amar de verdade, paz interior, saúde mental e emocional, convicção de si mesmo, respeito (não medo) de verdade, reconhecimento real (não bajuladores). Todas estas coisas, que são internas e que só podem ser valorizadas por quem já as experimentou. (Se você acha bobagem tudo que acima está necessita só me faça um favor: Não faça nenhum comentário rindo do que escrevi, mesmo que não compreenda minhas palavras elas são sinceras de verdade).
Seria possível mudar toda esta realidade? Sim! Uma mudança radical em todo o país é impossível (a não ser com uma revolução armada), porém, é possível mudar o país consistentemente a ponto da honestidade não te causar mais vergonha. É possível mudar o país com uma mudança de cada vez. A meu ver (e aqui pretendo ser humilde, pois me considero um pensador) começaríamos com a questão da impunidade: sentenças simples, diretas, sem apelações e sem direitos extravagantes. Quanto maior a instrução do réu maior a necessidade de punição tanto quanto maior a responsabilidade (aqui incluo os políticos), todo (TODO) cidadão sendo igual perante a lei com maior severidade na fiscalização para quem é mais instruído e exerce cargo público.
Começando com os mais tenros cidadãos do país, nos bancos escolares, onde podem (e aprendem que podem) fazer qualquer coisa sem o mínimo rigor da lei. Se na escola as crianças aprendem que as regras são apenas para “os trouxas” o que esperar da sociedade que eles vão montar no futuro? Você já pensou que estas crianças que agridem professores mais rígidos, que falam exatamente TUDO o que querem em sala de aula, que não dão valor aos colegas que querem estudar. Eles riem do professor quando este apela para o bom senso, quando tenta argumentar que é importante aprender o que se ensina na escola, que a malandragem não compensa, que a violência não leva a nada (e não leva a nada mesmo, nem para quem a sofre e nem para quem a pratica), pobres de espírito que se deixam conduzir pelo apelo da diversão constante, JÁ PENSOU QUE ELES SERÃO OS ADULTOS DE AMANHÃ?
Você já se deu conta que estes serão os nossos representantes e eleitores de amanhã? Que eles é que cuidarão de nós quando nos aposentarmos? Que serão eles que darão aulas aos nossos netos? Que nos atenderão nos hospitais como atendentes e enfermeiros? Que serão nossos policiais, políticos, jornalistas (para ser jornalista basta ter ensino médio)? Você já pensou que eles irão administrar o dinheiro das nossas aposentadorias lá no Governo? Como poderemos ir para a ONU falar de direitos e segurança se insistimos em colocar os desonestos acima dos honestos? Se não formamos em nossos cidadãos a plena convicção de que é importante seguir regras, respeitar as leis e assumirmos o prejuízo da punição à qual nos arriscamos ao desrespeitá-las?
Pior de tudo que se pudéssemos realizar uma reforma na Constituição quem (re) escreveria ela? Pois é, eles mesmos! Por isso eu disse lá atrás que era um sonho idiota que poderíamos nos tornar país de 1º mundo. Podemos sim, mas, não agora, quem sabe daqui a 20 ou 30 anos no futuro quando nem os filhos destes políticos que aí estão não estejam mais entre nós, e nem nós, graças a Deus!
OPORTUNISMO E MEDO DA IMPRENSA
Eu tenho percebido que os jornais têm se preocupado com algumas declarações de políticos sobre a excessiva liberdade de imprensa no país. Percebo também que estes veículos se dizem defensores da moralidade e da verdade. Também noto que fazem comparações com o tempo da ditadura onde a imprensa era calada e portanto, segundo eles, não havia democracia no país.
É impossível deixar de afirmar que eu sou a favor da liberdade de imprensa, no entanto, os jornais se preocupam tanto com a tal liberdade que não hesitam em fazer dela uma arma para jogar a divulgação de fatos e noticias e suspeitas de acordo com seus interesses políticos. Agem como se em nome da liberdade pudessem dispor destas informações e fazer delas armas políticas a seu bel prazer como se o povo fosse burro. Incrível a coincidência de denuncias e declarações "imparciais" surgirem em justo momento decisivo das eleições. Daí o fato de não surtirem efeito nas pesquisas eleitorais.
Ao defender a moralidade e a verdade não se pode usar de armas anti-éticas (como esperar o momento certo para publicar tal matéria). Não se pode afirmar moralidade e verdade absoluta quando não somos evidentemente imparciais, pois, estas não combinam. Uma revista ou jornal que em quase 100% de suas publicações fala mal de um candidato ou governo depois de certa altura perde a credibilidade, ainda mais ao publicar noticias se interesse insuspeito (por que não há quem ainda suspeite do interesse).
Percebemos que a Ditadura não fez um mal tão grande a estas publicações como elas dizem, haja visto seu poderio econômico e influencia nacional. A Imprensa não pode retornar aos tempos da Ditadura. Não podemos perder a liberdade, apenas precisamos aprender que o poder da informação exige uma responsabilidade muito grande e não devemos irresponsavelmente usar esta liberdade a tal ponto de incitar a uma possível justificativa para que ela nos seja retirada. a democracia significa governo do povo, não governo de editores ou organizações que, em nome de uma ideologia, combatem um partido ou pessoa por que ela pensa de forma contrária aos seus interesses (capitalismo neoliberal X socialismo).
Por outro lado, os editores não gostam de dar liberdade aos jornalistas que pensam diferente!
Maria Rita Kehl: "Fui demitida por um 'delito' de opinião"
Bob Fernandes
A psicanalista Maria Rita Kehl foi demitida pelo Jornal O Estado de S. Paulo depois de ter escrito, no último sábado (2), artigo sobre a "desqualificação" dos votos dos pobres. O texto, intitulado "Dois pesos...", gerou grande repercussão na internet e mídias sociais nos últimos dias.
Nesta quinta-feira (7), ela falou a Terra Magazine sobre as consequências do seu artigo:
- Fui demitida pelo jornal o Estado de S. Paulo pelo que consideraram um "delito" de opinião (...) Como é que um jornal que anuncia estar sob censura, pode demitir alguém só porque a opinião da pessoa é diferente da sua?
Veja trechos do artigo "Dois pesos".
Leia abaixo a entrevista.
Terra Magazine - Maria Rita, você escreveu um artigo no jornal O Estado de S.Paulo que levou a uma grande polêmica, em especial na internet, nas mídias sociais nos últimos dias. Em resumo, sobre a desqualificação dos votos dos pobres. Ao que se diz, o artigo teria provocado conseqüências para você...
Maria Rita Kehl - E provocou, sim...
- Quais?- Fui demitida pelo jornal O Estado de S.Paulo pelo que consideraram um "delito" de opinião.
- Quando?- Fui comunicada ontem (quarta-feira, 6).
- E por qual motivo?- O argumento é que eles estavam examinando o comportamento, as reações ao que escrevi e escrevia, e que, por causa da repercussão (na internet), a situação se tornou intolerável, insustentável, não me lembro bem que expressão usaram.
- Você chegou a argumentar algo?- Eu disse que a repercussão mostrava, revelava que, se tinha quem não gostasse do que escrevo, tinha também quem goste. Se tem leitores que são desfavoráveis, tem leitores que são a favor, o que é bom, saudável...
- Que sentimento fica para você?- É tudo tão absurdo... A imprensa que reclama, que alega ter o governo intenções de censura, de autoritarismo...
- Você concorda com essa tese?- Não, acho que o presidente Lula e seus ministros cometem um erro estratégico quando criticam, quando se queixam da imprensa, da mídia, um erro porque isso, nesse ambiente eleitoral pode soar autoritário, mas eu não conheço nenhuma medida, nenhuma ação concreta, nunca ouvi falar de nenhuma ação concreta para cercear a imprensa. Não me refiro a debates, frases soltas, falo em ação concreta, concretizada. Não conheço nenhuma, e, por outro lado...
- ...Por outro lado...?- Por outro lado a imprensa que tem seus interesses econômicos, partidários, demite alguém, demite a mim, pelo que considera um "delito" de opinião. Acho absurdo, não concordo, que o dono do Maranhão (senador José Sarney) consiga impor a medida que impôs ao jornal O Estado de S.Paulo, mas como pode esse mesmo jornal demitir alguém apenas porque expôs uma opinião? Como é que um jornal que está, que anuncia estar sob censura, pode demitir alguém só porque a opinião da pessoa é diferente da sua?
- Você imagina que isso tenha algo a ver com as eleições?- Acho que sim. Isso se agravou com a eleição, pois, pelo que eles me alegaram agora, já havia descontentamento com minhas análises, minhas opiniões políticas.
Aqui a reprodução de sua coluna:
As campanhas políticas foram engessadas. Tiraram a vida dos debates políticos. Os grandes comícios, com direito às canções de protesto e de esperança, às barracas de vendas de "botons" e de camisetas políticas, além dos carrinhos de cachorro-quente, pipoca e algodão-doce, aquelas concentrações populares que eram exercícios de cidadania para as nossas crianças e adolescentes - futuros eleitores - já são coisas do passado. Proibiu-se a campanha de boca-de-urna, mas isso não impediu que as calçadas amanhecessem cobertas de papéis. Contudo, civilizadamente e civicamente, os eleitores compareceram à votação. Mesmo diante do dissabor de chegar às urnas e verificar que elas haviam sido deslocadas para bairros distantes.
Desta lamentável campanha, em que prevaleceram a mentira, a calúnia e a difamação pública veiculadas como fatos e verdades pela indústria midiática, dos debates que amornaram as torcidas políticas, o que ficou? Ainda é cedo para saber, pois as eleições ainda não terminaram.
Contudo, podemos adiantar algumas questões. Em primeiro lugar, está em questão a democratização das verbas públicas para a propaganda e publicidade. Inclusive às destinadas às campanhas eleitorais. Também é necessária a democratização das concessões públicas das emissoras de rádio e televisão. Aliás, esse processo de democratização da Comunicação já se iniciou no governo que se encerra. As reações ao que a mídia tradicional qualificou de "atentados à liberdade de imprensa" denotam, não exatamente os clamores pela "liberdade" e pela "informação", mas os seus temores quanto ao que vai ganhar ou perder com este ou aquele candidato, com este ou aquele partido que chegar ao poder.
Nunca entendi porque desapareceu aquele pool de emissoras de rádio e de televisão que transmitiam a Copa do Mundo. Será que alguém se lembra daquela época em que a gente podia optar pelos apresentadores e comentaristas que falavam menos bobagens? Bom, dirão os entendidos, a Copa do Mundo não é uma entidade pública, nem política, sendo passível à venda aos mais poderosos. Mas, já aí, pode-se verificar a tamanha concentração de poder em uma única emissora privada que mantém para si o direito de mostrar o Brasil como quiser, com os próprios pontos de vista, em acordo com interesses particulares e daqueles que contratam os seus serviços publicitários.
Também não entendo porque não se faz um pool de emissoras de TV e rádio e um pool de jornalistas qualificados e confiáveis para a realização e transmissão de debates políticos de interesse nacional. Já que os comícios não têm vez, por que não se democratiza os debates políticos televisivos e radiofônicos, com direito à presença de público, como acontece nas sessões do Congresso Nacional e do Tribunal de Justiça? "Auditório?" dirão as elites, "Isto é cafona". "Está fora de moda", dirão os sofisticados marqueteiros.
Mas tem gente que ainda gosta de programa de auditório. Gente que não tem acesso à diversificação dos meios de comunicação. Gente que é, principalmente, das classes C e D, parte recém-saída da miséria absoluta. Gente que é lembrada somente na ocasião do voto e das tragédias sociais. Se essa gente das classes C e D são os novos e os principais atores sociais, por que não lhes dar o direito de escolher a forma de ver e ouvir aqueles que poderão chegar ao governo de seu país e de seu estado? Por que não lhes dar o direito de fazer perguntas? Por que apenas os candidatos e os jornalistas têm o direito de questionar?
Além disso, por que se faz debate político televisivo apenas a três dias das eleições? É para não dar tempo ao telespectador que, sob eventual impacto da performance de algum candidato, recupere sua capacidade de reflexão e voltar a pensar? Os atuais debates políticos e suas transmissões dos debates não são feitos para levar os eleitores à reflexão. Para a indústria midiática que se especializou em entretenimento, no qual o ibope é medido pelos escândalos que produz e reproduz, o povo não deve pensar.
Mais uma pergunta: Por que Marina Silva, a qual dedicava profunda admiração e respeito por sua atuação ministerial em prol do meio ambiente e pelo seu passado de luta pelo reconhecimento social, clamou pelo segundo turno sabendo que não chegaria lá? Não clamou pelo voto de protesto, como aconteceu nos tempos da ditadura. Não poderia ser contra a inclusão à cidadania dos povos da palafita, dos catadores de papel, dos freqüentadores dos lixões e outros que estavam e ainda continuam marcados pela exclusão. Então, a que interesses ela e o seu novo partido serviram? Que acordos ocultos foram realizados às vésperas das eleições?
Pois, apesar de o povo ser, na democracia, o principal ator - sua performance nas votações é que vai dar o poder a este ou aquele candidato, a este ou aquele partido -, o nosso povo foi excluído das campanhas. Só aparece como pano de fundo nos programas oficiais formatados por técnicos da Comunicação e pelo Tribunal Eleitoral. As festas políticas populares desapareceram.
Se os eleitores cumpriram civilizadamente a sua obrigação cívica que é, mais que tudo, um direito conquistado, vamos esperar que a indústria midiática cumpra civilizadamente o seu dever de informar, sem distorções e deformações na comunicação. Só assim teremos uma democracia mais consistente.
As campanhas políticas foram engessadas. Tiraram a vida dos debates políticos. Os grandes comícios, com direito às canções de protesto e de esperança, às barracas de vendas de "botons" e de camisetas políticas, além dos carrinhos de cachorro-quente, pipoca e algodão-doce, aquelas concentrações populares que eram exercícios de cidadania para as nossas crianças e adolescentes - futuros eleitores - já são coisas do passado. Proibiu-se a campanha de boca-de-urna, mas isso não impediu que as calçadas amanhecessem cobertas de papéis. Contudo, civilizadamente e civicamente, os eleitores compareceram à votação. Mesmo diante do dissabor de chegar às urnas e verificar que elas haviam sido deslocadas para bairros distantes.
Desta lamentável campanha, em que prevaleceram a mentira, a calúnia e a difamação pública veiculadas como fatos e verdades pela indústria midiática, dos debates que amornaram as torcidas políticas, o que ficou? Ainda é cedo para saber, pois as eleições ainda não terminaram.
Contudo, podemos adiantar algumas questões. Em primeiro lugar, está em questão a democratização das verbas públicas para a propaganda e publicidade. Inclusive às destinadas às campanhas eleitorais. Também é necessária a democratização das concessões públicas das emissoras de rádio e televisão. Aliás, esse processo de democratização da Comunicação já se iniciou no governo que se encerra. As reações ao que a mídia tradicional qualificou de "atentados à liberdade de imprensa" denotam, não exatamente os clamores pela "liberdade" e pela "informação", mas os seus temores quanto ao que vai ganhar ou perder com este ou aquele candidato, com este ou aquele partido que chegar ao poder.
Nunca entendi porque desapareceu aquele pool de emissoras de rádio e de televisão que transmitiam a Copa do Mundo. Será que alguém se lembra daquela época em que a gente podia optar pelos apresentadores e comentaristas que falavam menos bobagens? Bom, dirão os entendidos, a Copa do Mundo não é uma entidade pública, nem política, sendo passível à venda aos mais poderosos. Mas, já aí, pode-se verificar a tamanha concentração de poder em uma única emissora privada que mantém para si o direito de mostrar o Brasil como quiser, com os próprios pontos de vista, em acordo com interesses particulares e daqueles que contratam os seus serviços publicitários.
Também não entendo porque não se faz um pool de emissoras de TV e rádio e um pool de jornalistas qualificados e confiáveis para a realização e transmissão de debates políticos de interesse nacional. Já que os comícios não têm vez, por que não se democratiza os debates políticos televisivos e radiofônicos, com direito à presença de público, como acontece nas sessões do Congresso Nacional e do Tribunal de Justiça? "Auditório?" dirão as elites, "Isto é cafona". "Está fora de moda", dirão os sofisticados marqueteiros.
Mas tem gente que ainda gosta de programa de auditório. Gente que não tem acesso à diversificação dos meios de comunicação. Gente que é, principalmente, das classes C e D, parte recém-saída da miséria absoluta. Gente que é lembrada somente na ocasião do voto e das tragédias sociais. Se essa gente das classes C e D são os novos e os principais atores sociais, por que não lhes dar o direito de escolher a forma de ver e ouvir aqueles que poderão chegar ao governo de seu país e de seu estado? Por que não lhes dar o direito de fazer perguntas? Por que apenas os candidatos e os jornalistas têm o direito de questionar?
Além disso, por que se faz debate político televisivo apenas a três dias das eleições? É para não dar tempo ao telespectador que, sob eventual impacto da performance de algum candidato, recupere sua capacidade de reflexão e voltar a pensar? Os atuais debates políticos e suas transmissões dos debates não são feitos para levar os eleitores à reflexão. Para a indústria midiática que se especializou em entretenimento, no qual o ibope é medido pelos escândalos que produz e reproduz, o povo não deve pensar.
Mais uma pergunta: Por que Marina Silva, a qual dedicava profunda admiração e respeito por sua atuação ministerial em prol do meio ambiente e pelo seu passado de luta pelo reconhecimento social, clamou pelo segundo turno sabendo que não chegaria lá? Não clamou pelo voto de protesto, como aconteceu nos tempos da ditadura. Não poderia ser contra a inclusão à cidadania dos povos da palafita, dos catadores de papel, dos freqüentadores dos lixões e outros que estavam e ainda continuam marcados pela exclusão. Então, a que interesses ela e o seu novo partido serviram? Que acordos ocultos foram realizados às vésperas das eleições?
Pois, apesar de o povo ser, na democracia, o principal ator - sua performance nas votações é que vai dar o poder a este ou aquele candidato, a este ou aquele partido -, o nosso povo foi excluído das campanhas. Só aparece como pano de fundo nos programas oficiais formatados por técnicos da Comunicação e pelo Tribunal Eleitoral. As festas políticas populares desapareceram.
Se os eleitores cumpriram civilizadamente a sua obrigação cívica que é, mais que tudo, um direito conquistado, vamos esperar que a indústria midiática cumpra civilizadamente o seu dever de informar, sem distorções e deformações na comunicação. Só assim teremos uma democracia mais consistente.
O noticiário tem comentado em diversas oportunidades algumas propostas de leis e novas leis, que assustam pela novidade, pelo oportunismo e principalmente pela modificação que produz na vida das pessoas. Somos pegos de surpresa por uma lei idiota e sem sentido revestida desta coisa hipócrita chamada de “politicamente correto”. Nós, brasileiros, estamos acostumados a receber as coisas de forma pacificas, a sabedoria popular ensina que é melhor calar e deixar que os arrogantes e ignorantes se consumam entre si. Os políticos deixam o povo de lado, consideram-no ignorante demais para se intrometer, quando o povo opina está dando palpites, então, quem dá opinião neste país? Colunista de revista importante e editor, na verdade, só os editores. O povo fala das coisas que vive de como vê e sente o mundo, fala das suas necessidades, das suas aflições, coisas imediatas, ele quer o bandido preso, quer a policia gentil, sem preconceito com senso de justiça, sem ódio e sem rancor. Quer uma justiça rápida com a qual possa falar. Não quer um Juiz que não lhe dirija a palavra ou, que ao lhe falar não só lhe exija um sim ou não, como se fosse estúpido que ao abrir a boca fosse impingir dolorosas notas aos ouvidos delicados de “Sua Excelência”. Quem são estes juízes, e esta polícia? Quem são estes soldados? Quem são estas pessoas? São pessoas sem visão de vida popular, sem sentimentos ou opiniões próprias, por isso elas têm uma maneira peculiar de agirem: os juízes julgam baseados em palavras escritas, ou segundo inclinações políticas. Alguns sabem que estão fazendo algo errado, mas, seguem a Lei, o sentimento de justiça e de preocupação com o que seria melhor de verdade não existe mais por que está encoberto pelas cumplicidades das palavras, dos compromissos, da ideologia, do da soberba, do dinheiro, da carreira etc. Existe uma explicação para tal comportamento, basta ver quem é e de onde vieram cada juiz, uma elite separada e acima da plebe. As leis não lhes atingem, sabem onde estão cada virgula que lhes interessa. Os soldados, policiais, são do povo, eles enxergam o bandido como o povo enxerga o bandido, não tratam de desculpá-los, justificá-los ou de garantir-lhes seus direitos, eles sabem que os malfeitores riem das leis, dos que as aplicam e dos que as respeitam. Para eles, somos um bando de covardes, que não tem coragem de fazer o que tem de fazer, somos fracos, por isso acham que têm o direito de tomar aquilo que precisam. A lei deles é muito mais rígida que a nossa. O povo quando está dominado pela bandidagem sente que está num campo de guerra, porém,eles sabem que o lugar está seguro, criminosos respeitam as leis dos bandidos por que estas leis são claras e dignas de respeito: quando você as descumpre você recebe a punição destinada! São doentes? Ignorantes? Brutos? Não somos iguais a eles? É por isso que submetemos famílias inteiras à miséria, à dor, ao fracasso escolar, às doenças do trabalho, à desesperança. Enviamos a policia para tratar com criminosos preocupados com a garantia de seus direitos (dos criminosos) e nem sequer lhes pagamos um salário digno. Quantos nobres e excelências que não podem abrir mão de seus direitos e ganhos, no entanto, abrem mão de direitos e dignidades de milhares de trabalhadores pelo bem da sociedade. Quer um exemplo do que estou falando? Por que não cumprem a lei do salário mínimo? Por que milhares de doentes são considerados aptos pelos “peritos” mesmo que evidentemente doentes e inaptos? Por que o Estado deve e não paga seus precatórios? Por que assaltantes de bancos e criminosos são soltos diariamente sob pretexto da lei sem que nem um parlamentar proponha mudança na lei? Por que homens instruídos nada fazem para mudar as injustiças? Para que querem os que trabalham no judiciário garantias de direitos, cargos, emprego e carreiras se nada fazem contra o que está errado? Por que não movem uma palha para modificar e propor modificações nas leis? Esperam que os criminosos as façam? Os que fazem as leis não fazem leis contra si mesmos.
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